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Arquipélago na costa gaúcha pode ser a maior cadeia montanhosa submersa da margem continental do Brasil

A área pode ter feito parte do supercontinente Gondwana há cerca de 100 milhões anos



Foto: Fapesp
Um arquipélago submerso com cerca de 150 mil km quadrados e profundidade de até dois mil metros é encontrado próximo da costa do Rio Grande do Sul. A Elevação do Rio Grande está a 1.300 km do Estado Gaúcho e estaria afundada no oceano Atlântico há cerca de 40 milhões de anos. Pesquisadores acreditam que essa seja a maior cadeia montanhosa submersa da margem continental brasileira.
Em expedição pelo local, uma equipe do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo mapeou os topos aplainados da elevação e identificou terraços marinhos com canais fluviais, dunas, cavernas e resquícios de manguezais. A geofísica Michelle Graça, pesquisadora da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais afirma que a descoberta de rochas continentais, corais e esponjas nas paredes da elevação alteraram os rumos da pesquisa.
“Ela já é conhecida né, há bastante tempo, por ser uma cadeia montanhosa no meio do oceano. Só que acreditava-se que era uma formação puramente oceânica, estaria elevada devido a atividade magmática – espassamento da crosta oceânica devido ao vulcanismo -, vulcões interoceânicos. Só que, quando descobertas essas rochas continentais que foram dragadas na elevação, começou uma nova geração de pesquisa em cima dessa questão, para entender como ela foi formada e levantou-se a hipótese de ser um micro continente.”
Os movimentos das placas tectônicas e os jatos de magma do interior da Terra teriam separado as duas elevações, a Elevação do Rio Grande e a Walvis, que está mais próxima da África. Um estudo realizado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro e pela Universidade de Liverpool, na Inglaterra, ao qual Michelle fez parte, acredita que que há 80 milhões de anos essas elevações ainda estariam juntas e pertenciam ao supercontinente Gondwana.
“Se ele for um micro continente, o que não está comprovado ainda, ela provavelmente fez parte do supercontinente Gondwana, o supercontinente que era a junção do Brasil, na América do Sul com a África. E aí a América do Sul e a África começaram a se separar há 100 milhões de anos atrás e teria deixado para trás, devido a essa quebra, esse pedaço que ficou no meio do oceano.”
Estudos apontam que o peso de um vulcão e da expulsão da lava provocaram a movimentação das placas tectônicas, fazendo com que a cadeia montanhosa afundasse. Esse afundamento foi causado pelo fim da atividade magmática, através do resfriamento de elevação que causou uma subsidência térmica. Existe no solo da Elevação Rio Grande depósitos de ferro e manganês que podem ser depósitos interessantes para a prospecção de metais de interesse econômica. Mas de acordo com a oceanógrafa Mariana Benites, do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo ainda são necessários maiores estudos sobre a área até que algum tipo de material seja retirado de lá.

“O mais preocupante é que a região ainda não tem alguns estudos ambientais, de base. Por exemplo, a fauna que vive no fundo marinho, que tipo de organismos, qual a distribuição destes organismos e o quanto eles necessitam das crostas para crescer, porque alguns organismos crescem em cima dessas rochas. Se houvesse uma mineração, qual seria o impacto disso ainda não há como mensurar por falta de estudos de base. É preciso muita investigação na área antes de pensar em fazer algum tipo de retirada de mineral.”
Há uma discussão sobre a quem o arquipélago pertence. O governo brasileiro reivindica a posse da área, que pode ter minérios em sua superfície, mesmo que ainda não existam formas de extrair esse material do fundo do mar.
Os geocientistas afirmam que, geologicamente, as rochas tem mais afinidade com as rochas que hoje estão do lado africano. No entanto, essa afirmação não pode ter interpretações políticas pois são coisas diferentes. Se formos pensar dessa maneira, não deveria existir limites políticos nenhum, pois já existiu um supercontinente chamado Pangeia que abrigava todos os continentes atuais. Movimentações geológicas passadas não podem definir limites políticos atuais. Essa elevação pode ser o pedaço que faltava para completar o quebra-cabeça da junção entre a América do Sul e a África. (Eduarda Oliveira | Band)

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